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O futuro existirá para pequenas e médias empresas?

No Brasil, ao lado das micro, representam quase 80% da mão de obra estável do país.

Não é segredo que, na maioria dos países, a fonte de geração de emprego está nas pequenas e médias empresas. No Brasil, ao lado das micro, representam quase 80% da mão de obra estável do país. São mais de 6 milhões de empresas. Dois em cada três empregos gerados no Brasil, diz o IPEA, provêm de pequenas empresas. O governo, nos últimos oito anos, tem tentado tornar todo mundo empregado de carteirinha. Mas, sem nenhuma flexibilização das práticas de trabalho, isso só vai aumentar o fosso de endividamento e insustentabilidade das micro, pequenas e médias.

Não há prêmio nem merecimento para empresas micro, pequenas e médias. Só há trabalho, contas a pagar e dívidas ativas com União, estados e municípios. A cada dez anos, quase 100% delas fecham ou desaparecem renegociando dívidas. Isso quer dizer que, possivelmente, a cada década, surge uma nova camada de micro, pequenas e médias empresas, muitas vezes dos mesmos empresários de antes, somando novos empreendedores. 

Hoje em dia, há prêmios para empresas menores, formação diferenciada e nem sempre focada, mas também há um movimento para melhorar o clima organizacional e a competitividade. Toda essa movimentação para fazer o amadurecimento da economia brasileira e do mercado de trabalho no país. Um amadurecimento que depende da participação do Estado, como principal comprador, e da disponibilidade de rever a carga tributária e a legislação trabalhista, além da infernal burocracia que sufoca a empresa.

Na Comunidade Europeia, as pequenas e médias empresas são as mais afetadas com a crise econômica que persiste e está longe de encerrar. A Itália, um país com economia baseada em cooperativas de pequenas e médias empresas, atendendo parte o mercado interno e parte a Europa, começa a sentir o impacto da diminuição dos volumes de compras no país e dos pedidos externos. O emprego de nível superior está estagnado e o receio de que se amplia às formações técnicas e de nível médio assusta, porque não há mágica para criar milhares de empregos de uma hora para outra. Já encerrar empregos é questão de suspensão de negócios.

Não há muitos dirigentes públicos sensíveis à importância das micro, pequenas e médias empresas. O próximo governo vai inaugurar o ministério das pequenas empresas. Que estará apenas começando, no auge da crise europeia que atropelará centenas de milhares de pequenas, mexendo com empregos e famílias, sem que os estados sejam capazes de rever a situação em tempo. No caso brasileiro, o fato de haver um ministério para as pequenas empresas é um sinal de mudança nas expectativas, mas é também o deslocamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e do banco de desenvolvimento e fomento, de pensar naquelas que representam a estabilidade do mercado interno.

Para o IPEA, se o nível de expansão da economia brasileira persistir, 19,3 milhões de empregos serão criados até 2020. As pequenas empresas serão responsáveis por 10,7 milhões. O IPEA avalia que, para isso acontecer, o governo tem de fazer mais. "Caberia ao Brasil fazer uma ampla reavaliação do conjunto de políticas públicas para o setor", sugere o presidente do IPEA, Marcio Pochmann, acrescentando: "Por enquanto, elas tendem a responder às necessidades de competição dos mercados, mas não são necessariamente apropriadas aos interesses dos pequenos negócios".

Cada vez mais, as grandes empresas dependem do mercado global. Mas as micro, pequenas e médias empresas dependem do mercado interno estável e aquecido. E é assim que sustentam os postos de trabalho no Brasil, apesar da indiferença da maioria dos dirigentes públicos e do sistema financeiro, que não precisa se ocupar com as empresas, pois atende aos empréstimos do Estado. Mas vale ressaltar que o SEBRAE verificou que as pequenas empresas encerram o ano de 2009 com 1,023 milhões de novos postos de trabalho e as grandes empresas com 28.279 postos a menos. 

Quando estados da federação posicionam suas grandes iniciativas de governo à atração de megas projetos industriais, deveria, por outro lado, manter acesa a chama de que uma economia com micro, pequenas e médicas empresas atende às necessidades sociais de trabalho e dinamiza o mercado interno. Por fim, embora tudo isso envolva as expectativas e sonhos de empreendedores nacionais, a economia mundial tem se fechado e se voltado à atender os grandes conglomerados. E o futuro das micro, pequenas e médias empresas continuará incerto. Nem chegamos a montar as bigs, nem contemplamos, ainda, aquelas que fazem o serviço pesado da nação.

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