Aumentar a produtividade por meio do maior engajamento dos funcionários e da melhoria de processos será a palavra de ordem na agenda dos CEOs das empresas brasileiras neste ano - que também deve ser marcado por uma maior atenção a aspectos de governança corporativa. É o que mostra uma pesquisa da consultoria de recursos humanos Mercer com presidentes de mil empresas de Ásia, Europa, América Latina e Estados Unidos.
O estudo, que teve a participação da América Latina e do Brasil pela primeira vez neste ano, identifica os desafios que devem se destacar ao longo de 2014, na percepção dos CEOs de grandes empresas. Enquanto o capital humano surge como fator mais preocupante em regiões como Ásia e Europa, bem como na média global, na América Latina e no Brasil o desafio mais importante na agenda dos CEOs é a excelência operacional. "Isso demonstra uma necessidade do Brasil em focar a execução da estratégia e captar oportunidades de mercado", diz o gerente geral da Mercer na Argentina e líder da área de fusões e aquisições para a América Latina, Daniel Nadborny.
Ainda assim, a preocupação com os recursos humanos anda lado a lado com essa prioridade. O segundo maior desafio identificado pelos CEOs no Brasil e na região latino-americana foi o capital humano. Dentro dessa percepção, o foco dos presidentes será oferecer treinamento e desenvolvimento aos funcionários, melhorar a gestão de processos, aumentar os esforços para reter talentos-chave e melhorar os programas de desenvolvimento de lideranças. Para Nadborny, isso aponta uma necessidade simultânea de captar mais recursos humanos tendo em vista o crescimento da empresa e de tornar o quadro atual mais produtivo.
Nesse sentido, o engajamento dos funcionários é visto como o caminho para atingir mais produtividade. Entre as medidas relacionadas à preocupação com a busca por excelência operacional, a mais importante para os CEOs é o aumento do engajamento com esse intuito, seguido pelo redesenho dos processos de negócios e da melhoria da agilidade e flexibilidade da organização.
Nadborny percebe ainda que o engajamento surge cada vez mais como parte da agenda da liderança, ao contrário da visão de alguns anos atrás de que esse aspecto era uma formalidade corporativa. "Isso se conecta com outra coisa muito importante, que é a vontade que as novas gerações têm de ter protagonismo e fazer parte das decisões dos negócios", diz o consultor.
Ele destaca também a importância do papel dos líderes nesse processo. "Ao final do dia são eles que definem a visão, desenvolvem os funcionários e produzem os processos para obter resultados", diz. De acordo com a pesquisa, o principal aspecto visado pelos CEOs em relação à liderança é a integridade - à frente de atributos como gerenciar complexidade e reter e desenvolver talentos. "O líder deve não apenas fazer o negócio, mas fazer de forma correta, para dar o exemplo", diz Nadborny. A preocupação com esses aspectos surge mais forte também por conta da Lei Anticorrupção, em vigor desde o início do ano.
De fato, a regulação governamental é o quarto principal desafio segundo os CEOs brasileiros, após excelência operacional, capital humano e relacionamento com clientes. A principal medida nesse sentido será fortalecer os processos internos de governança corporativa. Quando questionados sobre como melhor trabalhar a confiança nos negócios, o aspecto mais citado é dar mais transparência aos processos de tomada de decisão internamente, seguido de um empate entre fomentar um ambiente de comunicação aberta e alinhar a remuneração e incentivos executivos com metas de desempenho de negócios.
Para Nadborny, já não funciona mais ter sistemas de incentivo pouco estruturados, baseados em aspectos mais subjetivos que, muitas vezes, dependem da opinião do chefe. "Para engajar os funcionários, é preciso ter regras claras de como o trabalho é recompensado", diz.
O quinto maior desafio apontado pelos CEOs que participaram da pesquisa é a inovação. Para Nadborny, esse é um dos fatores que mais apresentam crescimento de importância na agenda dos CEOs e que deve receber ainda mais destaque nos próximos anos. "É um processo que precisa de tempo para acontecer, mas que já está na agenda dos CEOs como parte da estratégia."
Segundo a pesquisa, a importância da inovação já permeia mais do que a necessidade de usar novas tecnologias em produtos e processos - essa é a primeira medida que os presidentes almejam adotar, seguida de perto pela vontade de criar uma cultura de inovação "ao promover e recompensar o empreendedorismo e a tomada de risco".