Frequentemente, presidentes, empreendedores e diretores mais jovens enfrentam nas suas empresas ceticismo e resistências, tradicionalmente, por parte dos profissionais mais experientes e com muito tempo de casa. Mas, hoje, os mais experiêntes têm também dificuldades em lidar com os colaboradores mais jovens do que eles. Este fenômeno é relevante porque no Brasil cada vez mais empresas estão apostando em lideranças mais jovens, com capacidade para uma forma de trabalhar mais digital, móvel e conectada com mídias sociais. É de fato preciso contar com gestores preparados para um mundo mais rápido, muito mais conectado, onde as informações, os dados e, até mesmo, os negócios acontecem em um ritmo de horas ou minutos.
Por outro lado, a falta de mão de obra qualificada no Brasil combinada ao baixo valor das aposentadorias em geral segura o colaborador mais sênior por mais tempo nas empresas. E é, de acordo com muitas previsões, uma tendência que vai aumentar nos próximos anos.
A pergunta neste novo ambiente corporativo é: como liderar seus subordinados, quando há uma propensão à resistências?
Muito tem se discutido sobre o choque de gerações. Hoje se fala em geração do Baby Boomer do Pós-Guerra (até 1965), a Geração X (até 1985), Geração Milênio ou Y (até 2000). Enquanto, os líderes com mais anos de experiência se apoiam nas regras preestabelecidas e exigem presença física, horários e participação em reuniões, os jovens dirigentes estão mais focados na entrega dos resultados e não estão muito preocupados com horários ou mesmo nas regras. Os lideres pré 1965 valorizam reuniões coletivas, sessões de visão e alinhamento onde todos vestem a camisa, eventos corporativos que remetem aos rituais tribais dos nossos antepassados. Gostam da uniformidade. Os jovens têm bem mais tolerância para as vontades individuais e permitem flexibilidade no ambiente de trabalho para acomodar a individualidade de cada colaborador - já que este é o ethos da Geração X. Conviver com estes dois estilos de gestão nem sempre é trivial. O problema se agrava com a entrada forte da geração Y no mercado de trabalho e começa a trazer um novo estilo, mais casual, menos comprometido e mais questionador, sem nenhum apreço pelas hierarquias da empresa.
O desafio para o gestor é conviver com estas três culturas geracionais na mesma empresa - negociar o dia a dia e gerenciar as expectativas das varias áreas - o Baby Boomer que não compreende a insubordinação, o Geração X que não compreende o desprendimento da Geração Y.
Como então tocar esta orquestra que esta diante de você? Algumas dicas:
1. É essencial sempre ter em mente o velho ditado que diz: “o segredo está nos detalhes”. O líder moderno deve (e precisa) investir tempo nos detalhes. Vá a campo ouvir a ponta do seu negócio. Por exemplo, se estamos falando do varejo, vá à loja, ouvir os vendedores, os promotores, os consumidores. Assim você vai ajustar a frequência do seu rádio para saber de tudo que está acontecendo. Com todas estas diferentes leituras das 3 gerações você corre o sério risco de ninguém lhe trazer as más notícias! Com a mão no pulso do negócio, é la no campo que você vai ouvir o que está acontecendo e alguém vai chegar e dizer: “Estamos tendo um problema…”.
2. Você lidera com as perguntas - Hoje em dia, as hierarquias estão mais flexíveis. Os chefes não mandam tanto, mas tentam direcionar os trabalhos de cada profissional colcando as perguntas certas. Assim, jovens se sentem estimulados e com mandato para mudar o que precisa ser ajustado. O líder precisa ser hábil para mobilizar, sensibilizar e motivar os profissionais das tres gerações. É essencial saber como lidar com cada uma do seu jeito. Chefes muito centralizadores, sejam eles jovens ou não, perdem rapidamente espaços nas empresas. Perguntar, depois delegar e cobrar é o novo mantra.
3. Seja o exemplo e execute - Quando a empresa tem um perfil mais conservador, o papel do novo líder é, justamente, derrubar as barreiras existentes. E o jovem líder precisa motivar por meio do exemplo pessoal. Ele precisa ser o modelo bem sucedido desta mudança, do novo passo. Nas recomendações clássicas de liderança podemos ver uma receita que atende a cada geração: Incentivar a meritocracia (muito importante para a Geração X), ser claro na direção que a empresa deve perseguir (Baby Boomers) e primar pela comunicação frequente e direta e verdadeira (Geração Y).
E você, como vai liderar sua equipe hoje?
Mark Essle é engenheiro de produção, empreendedor, membro de conselho e atua como diretor sênior na A.T. Kearney. Mark é membro do YPO Brasil (Young President’s Organization) há mais de 15 anos.