Economistas consultados semanalmente pelo Banco Central (BC) preveem tempos difíceis pela frente. Pela 11ª vez consecutiva, o grupo formado por profissionais de cerca de 100 instituições financeiras reviu para baixo a estimativa para o crescimento brasileiro para este ano.
Segundo o relatório de mercado Focus divulgado ontem pelo BC o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 deve ter expansão de apenas 0,81%. Um mês atrás, a projeção era de uma taxa de 1,05%. Como a economia pode ser vista em ciclos, as expectativas começam a contaminar também o ano de 2015. A perspectiva é a de que a soma das riquezas do País no ano que vem cresça 1,20% – bem abaixo dos cálculos feitos apenas uma semana antes, de alta de 1,50%.
Grande parte da explicação para o desânimo com o andamento da economia brasileira vem do setor fabril. A pesquisa Focus apontou que a produção industrial deve andar para trás em 2014, registrando queda de 1,53%. Para 2015, se espera recuperação do setor, mas ainda de maneira tímida, com um crescimento de 1,70%.
O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, ressaltou em relatório que o mercado doméstico poderá calibrar ainda mais as estimativas para o PIB do segundo trimestre esta semana, já que haverá divulgação de novos indicadores de atividade, como vendas no varejo e IBC-Br.
Preços
A boa notícia do documento é em relação à inflação A maior parte das revisões feitas pelos profissionais do mercado financeiro foi para baixo. No rastro do IPCA de julho (0,01%), que veio abaixo das expectativas, os analistas diminuíram as previsões para o índice de 2014 de 6,39% na semana passada para 6,26% agora.
O índice ao consumidor da cidade de São Paulo, o IPC-Fipe, também sofreu alteração nesse período, saindo de 5,49% para 5,39%. No caso do IGP-M, que é usado para corrigir a maior parte dos contratos de aluguéis, o recuo foi de 4,40% para 4,05%. No do IGP-DI, a revisão foi de 4,33% para 3,98%.
Apesar dessa tendência de resfriamento para a inflação, os economistas estão atentos ao comportamento dos preços administrados pelo governo, que são basicamente as tarifas públicas, e elevaram as suas projeções para este ano (de 5% para 5,10%) e o próximo (6,90% para 7%). "O País tem inflação no limite alto da meta nos últimos 12 meses, embora haja uma expressiva inflação comprimida em preços administrados que precisarão ser recompostos", comentou o economista da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, em relatório enviado a clientes.
Os demais indicadores da Focus tiveram poucas alterações esta semana. Continua a expectativa de que a taxa básica de juros do País, a Selic, encerre 2014 em 11% ao ano e 2015, em 12%. Para o câmbio, também não houve alterações. O dólar deve chegar ao fim de dezembro cotado a R$ 2,35 e um ano depois a R$ 2,50. No caso da balança comercial, permaneceu a projeção de um superávit de US$ 2 bilhões este ano.