Carina Rosin, empresária de 37 anos, de São Paulo (SP), costuma dizer que a oportunidade de abrir o próprio negócio caiu no seu colo. Em 2010, quando seu irmão estava prestes a se casar, deu o presente perfeito para uma típica noiva preocupada. Ao ver a futura cunhada perdendo o sono por causa dos quilinhos à mais, ofertou como presente nada menos que um personal trainer.
A ideia é inerente à sua profissão. Formada em educação física, queria fazer alguma coisa para ajudar a cunhada a entrar no vestido dos sonhos. E conseguiu. O resultado foi ótimo e chamou a atenção das amigas, que começaram a pedir presentes similares. Nascia a Noiva em Forma, empresa que fornece serviços de assessoria esportiva e nutricional para mulheres que querem ficar lindas e esbeltas dentro do vestido de noiva perfeito.
Em 2011, Carina profissionalizou o negócio e trouxe a sócia, Flávia Picolo, para dividir as funções administrativas. Hoje, com 30 noivas e um faturamento anual de R$ 360 mil, já se sente pronta para subir mais um degrau. “Agora nós precisamos de uma injeção de capital para conseguir expandir a empresa para o interior de São Paulo”, conta.
Hoje, Carina já tem clareza de que precisa de um sócio investidor para transformar seu negócio em um esquema de franquias. “Estou deixando o plano de negócios redondo para começar a ir atrás desse sócio com capital e conhecimento na área, para nos ajudar na gestão”, diz.
No entanto, assim como qualquer empresário mortal, ela teve dúvidas. Seria melhor buscar um empréstimo? Talvez um anjo que entrasse com o dinheiro e não interferisse na gestão?
Para Humberto Matsuda, sócio responsável pelos fundos de Venture Capital da Endeavor, a escolha das sócias está bem fundamentada. “A grande pergunta que qualquer empresário tem de fazer é ‘Para que eu quero esse dinheiro?’, a partir dessa resposta a decisão fica mais estratégica e coerente.”
Não tem fórmula mágica, é verdade. Leonardo Calixto, sócio da Empírica Investimentos, lembra que o investimento perfeito deve considerar muitas varíaveis. “Além do objetivo, é preciso considerar o estágio de desenvolvimento da empresa.”
Confira quais os principais tipos de investimentos e para quem eles servem.
Investidor anjo: Se você não precisa de muito dinheiro e precisa dar o pontapé no seu negócio, o anjo é quem vai te abençoar com o capital necessário para a infraestrutura mínima da operação - o chamado MVP (sigla em inglês para mínimo produto viável). Pelo investimento, os fundadores compartilham a sociedade com esse outro investidor, que poderá agregar mais conhecimento à operação.
Fundos: Os fundos de Venture Capital exigem um pouco mais de maturidade da empresa. “É um investimento de alto nível”, aponta Matsuda. A Empírica Investimentos, liderada por Leonardo Calixto, é especializada neste formato e o executivo ressalva: “É preciso ter entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões de faturamento para partir para esse modelo”, diz. No entanto, muitas vezes uma análise mais aprofundada do balanço da empresa pode abrir a oportunidade para negócios menores. “Depende de quanto tem em contas a receber, de qual o projeto de viabilizar o produto e também da carteira dos clientes”, explica.
Crowdfunding: a modalidade da moda prevê a captação de dinheiro junto aos próprios futuros usuários do produto. Em retorno, a empresa oferta algum tipo de serviço a quem contribuiu. Matsuda, da Endeavor, explica que em muitos países é proibido vender ações da empresa em crowdfunding, o que é o caso do Brasil. “É como a pré-venda de um produto, é uma ação específica que vale a pena para alguns tipos de empresas e serviços”, afirma. No entanto, se o produto ficar caro, o peso vai esvaziar o bolso do empresário. “Valeria a pena fazer isso no caso de captação para um Food Truck, por exemplo, em que é possível fornecer um voucher para que os colaboradores da captação possam usufruir do serviço com pouco custo adicional.”
Doações ou Fundações: Se sua empresa vai trabalhar com pesquisa e desenvolvimento, é importante mapear todas as fundações que dão subsídio a esse tipo de negócio. “Desde a Fundação Bill e Melinda Gates até outras instituições como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) poderão ajudar”, diz Matsuda.