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Empresas não formam sucessores

A conclusão é de um estudo mundial que ouviu mais de 1.300 executivos de 60 países, sendo 74 brasileiros.

A maioria das empresas brasileiras não está preparada para lidar com a transição de suas lideranças. A conclusão é de um estudo mundial que ouviu mais de 1.300 executivos de 60 países, sendo 74 brasileiros. Segundo o levantamento, apenas 26% das companhias no Brasil investem de forma consistente em planos de sucessão, enquanto na média mundial esse índice é de 35%.

Mais da metade dos executivos entrevistados no Brasil disseram que suas empresas não montaram nenhuma estratégia de sucessão nos últimos três anos - índice que também ficou acima do registrado globalmente.

De acordo com Alexandre Fialho, presidente da área de liderança e consultoria de talentos da Korn/Ferry International, empresa responsável pela pesquisa, os dados são especialmente preocupantes no Brasil. Isso porque o país apresenta altas taxas de crescimento nos negócios, o que faz com que a oferta de talentos não seja suficiente para suprir a demanda. "Quem está crescendo não investe em desenvolvimento de pessoas porque não pode tirá-las do operacional. Com isso, negligencia o resultado de longo prazo".

Foi graças ao desafio de crescer e ao mesmo tempo formar sucessores que a Natura resolveu rever, no final de 2009, seu programa de desenvolvimento de talentos. O resultado foi a criação do escritório de liderança, que já nasceu com a meta de preparar profissionais para ocupar, no futuro, 90 posições críticas da empresa. A área foi além e está formando um excedente de 20%. "Estamos conciliando esse projeto com um crescimento médio anual de 23% a 25%. Sem as pessoas prontas, correríamos o risco de comprometer a imagem e o negócio", afirma Denise Asnis, gerente do escritório de liderança da Natura.

Ela destaca que as atenções não são totalmente voltadas aos chamados "high potentials", talentos com grande potencial para ocupar cargos na alta liderança. Há cerca de quatro anos, a Natura concedia remuneração e treinamentos diferenciados para esses profissionais. "Mudamos esse processo e abrimos oportunidade de treinamento a todos que manifestarem interesse", afirma Denise. Ao mesmo tempo, ela diz que a remuneração foi vinculada à entrega, mas "um talento naturalmente se destaca nesse quesito". Essa mudança de visão também fez com que a companhia criasse o Cosmos, programa que deve treinar periodicamente, a partir deste ano, 600 profissionais da Natura no Brasil, América Latina e França.

Alexandre Fialho, da Korn/Ferry, acredita que, além de saber identificar os talentos potenciais, as empresas devem se preocupar em retê-los, mas sem deixar de lado quem não é necessariamente um futuro grande líder. "São profissionais que devem percorrer caminhos diferentes e a companhia precisa olhar para todos", diz.

O levantamento mostra que a preocupação com o futuro pode estar, aos poucos, mudando a mentalidade do empresário brasileiro. Apesar da escassez de ações relativas à sucessão, 100% dos entrevistados acham importante planejar a troca de líderes. "Sem um plano de sucessão, as empresas promovem as pessoas erradas para os cargos de liderança e têm grandes prejuízos com isso", afirma.

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